:06:03
	-E eu nada para o Rose.
-Sr. Henslowe.
:06:05
	-Empresta-me 50 libras?
-Cinquenta?
:06:06
	O Burbage ofereceu-me sociedade
no Grupo do Camareiro.
:06:09
	Por 50 libras,
acabam-se os meus dias de escravo.
:06:12
	Corta-me o coração. Atira-me aos cães.
:06:16
	Então, é não?
:06:18
	Os teatros são servos do diabo!
:06:21
	Os actores despertam luxúria nas vossas
mulheres e maldade nos vossos filhos!
:06:25
	E o Rose cheira a ranço,
seja qual for o seu nome!
:06:30
	Que a peste caia sobre as duas casas!
:06:34
	Onde vais?
:06:36
	À confissão semanal.
:06:38
	BOTICÁRlO ALQUIMlSTA ASTRÓLOGO
:06:43
	Palavras, palavras.
:06:46
	Em tempos, tinha o dom.
:06:48
	Transformava as palavras em amor,
como o oleiro faz potes.
:06:52
	Amor que derrota impérios.
:06:54
	Amor que une dois corações,
aconteça o que acontecer.
:06:58
	Por seis pence a deixa,
fazia uma revolução num convento.
:07:01
	-Mas agora...
-Mas dizes que te deitas com mulheres.
:07:06
	A Sue Preta, a Phoebe Gorda,
:07:09
	a Roseline, costureira do Burbage,
a Afrodite, que se vende atrás...
:07:13
	Sim, às vezes. E então?
:07:16
	Perdi o dom.
:07:17
	Vou ajudar-te.
:07:20
	Conta-me, por palavras tuas.
:07:26
	É como se a minha pena
estivesse quebrada,
:07:29
	como se o órgão da minha imaginação
tivesse secado,
:07:33
	como se a orgulhosa torre
do meu génio tivesse ruido.
:07:37
	-Curioso.
-Não me vem nada.
:07:39
	Muito curioso.
:07:40
	É como tentar arrombar uma fechadura
com um pano.
:07:45
	Diz-me, tens falhado no acto do amor?
:07:52
	Há quanto tempo não o fazes?
:07:55
	Há muito tempo, mas ultimamente...
:07:58
	Não, não. Tens mulher, filhos?