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Eu sei que este é um momento
ideal para um beijo.
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A noite, a lua,
o barco, o som da água a bater.
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É perfeito.
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E eu não estou a sentir
que não seria bom,
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mas eu não sei nada sobre ti
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e eu estou... ainda estou
em recuperação.
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Deus, detesto esta palavra,
mas estou.
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Quem não está?
Toda a gente está.
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De certa forma,
também estou em recuperação.
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- E estás a recuperar de quem?
- Uma rapariga chamada Pamela.
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A minha vida toda gira à volta
da minha separação da Pam.
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- Quando aconteceu isso?
- Em 1973. Nós tínhamos oito anos.
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Eu amava loucamente
aquela mulher.
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Sem aviso. Assim... foi-se.
Deixou-me por outra pessoa.
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- Quem?
- O Gary Glitter.
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- Por favor.
- Gary Glitter, por amor de Deus.
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Todos os meus amigos
estavam a ser abandonados
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pelo Donny Osmond
ou o David Cassidy.
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Eu podia ter aceite um deles,
ao fim de algum tempo.
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Mas o Gary. Ela queria tocá-lo
lá, sim.
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Sabes? Bem, fiquei destroçado
como podes imaginar.
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E não havia Prozac para crianças
para me ajudar a ultrapassar, por isso...
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Por isso, eu... eu...
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- Eu beijei-te.
- Sim, sim, também reparei nisso.
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Tu não ias beijar-me.
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Importas-te de,
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registar isto como um lapso
momentâneo de concentração?
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- Foi o que isto foi?
- Não.
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Sim? Eu não...
Ajuda.
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Eu não quero ser uma confusão
na tua vida, Helen.
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A sério que não quero.
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Mas desde que te conheci, têm-me
acontecido algumas coisas...