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Quando era cego, não podia ver.
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Não se ria!
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As pessoas não têm expectativas,
nessa altura. Sabem o que nós somos.
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Ou pensam saber.
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E pronto.
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Aceitam isso.
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Não conseguiu o que queria, pois não?
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Aqui é que tudo se complica.
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Agora posso ver, mas não sei o que vejo.
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E como os olhos pregam partidas,
vejo coisas que não queria ver.
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Como os ciúmes.
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O que é mais importante para si, agora?
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Ver, ou...
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A Amy.
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Era o que eu pensava.
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A questão é o coração e não os olhos.
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Uma noite destas, estava a ver televisão,
uma grande desvantagem de
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recuperar a visão, a propósito...
e havia um pianista...
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- Um quê?
- Um tipo a tocar piano.
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E tinha uns 700 anos de idade.
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A história é muito comprida?
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Talvez.
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E trouxeram um prodígio de 7 anos
que começa a tocar Chopin
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com um braço atado
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atrás das costas
e com pratos em equilíbrio. Brilhante.
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O velho mestre ouvia encantado e,
no fim, disse...
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.."Tocaste muito bem.
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"Talvez um dia aprendas a fazer música."
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Acho que percebi.
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Não sei se alguma vez
serei capaz de fazer música.
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Tem de se concentrar.
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Vê a minha mão?
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Muito bem.
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Concentre-se nela.
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Esqueça tudo o resto
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o que é difícil aqui
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mas olhe, apenas.
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Onde quer chegar?
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O que é isso
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olhar?
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Não, "gafanhoto".
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Isto é olhar.
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Veja o punho. Vê que o vai atingir.
Quer isso?
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- Não.
- Isso é ver.
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O meu conselho após 3 cervejas?
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Nada do que vê importa,
se perder de vista o que deseja.