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Andavam a tratar de negócios
e levaram-me com eles.
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Foi o que aconteceu.
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Foi então
que a minha vida mudou.
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Arrancaram de lá um irmão
e levaram-no para o Canadá.
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Falaram com os meus pais.
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Que fazem eles? São uma comuna,
"hippies", um grupo religioso?
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Recuperam casas e vendem-nas.
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São pessoas normais.
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Pessoas normais. Trabalham,
comem e vivem juntos?
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Não sei. É assim que vivem.
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E que dizem os teus pais?
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O meu pai está feliz por mim.
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Vê-los muitas vezes?
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Vejo, mas às vezes é difícil.
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Pois... é difícil.
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Dás-lhes esperança.
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- Acho que sim.
- Claro que lhes dás esperança.
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Porque ultrapassaste, Lesra.
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É muito importante
ultrapassarmos...
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... os lugares a que nos prendem.
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Aprendeste a ler e escrever.
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Escrever é como magia.
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Não sentes isso às vezes?
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Acho que sim.
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Quando comecei a escrever,
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descobri que estava a fazer
mais do que contar uma história.
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A escrita é uma arma.
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E mais poderosa do que qualquer
punho pode ser.
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Quando escrevia elevava-me
acima dos muros desta prisão.
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Podia ver por cima dos muros
e todo o Estado de NewJersey.
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Via o Nelson Mandela a escrever
o seu livro na sua cela.
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Podia ver o Huey...
podia ver o Dostoyevsky.
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Victor Hugo, Emile Zola.
Todos me diziam...
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"Rube, o que fazes aí?"
Respondia: "Conheço-vos a todos".
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É magia, Lesra.