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É a minha vez.
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Vamos, Marianela!
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Fala comigo.
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Perdes as estribeiras
sempre que ali vamos.
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Nem sequer consegues sentar-te
e jogar dominó com o teu pai.
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- Já não posso ver o jogo.
- Ele gosta de jogar.
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- Que mal há nisso?
- Está a desperdiçar a vida.
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Dantes era um bom mecânico,
e eles vieram expropiar-lhe a garagem!
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Porque é que achas
que comprei esse carro?
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Comprei-o para ele,
para o afastar daquela maldita mesa!
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Não levantes a voz.
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Tens medo de quê?
Da revolução?
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Lembra-te, é ela
que nos dá tudo.
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Não tiraram a oficina ao teu pai.
Foi ele que a abandonou.
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Nacionalizaram-na!
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Tiraram-lhe tudo aquilo
em que acreditava!
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Tiraram-lhe o seu sonho,
a sua paixão, o seu negócio!
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Tudo o que tinha conseguido!
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- Todos fazemos sacrifícios.
- Para quê?
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Para quê?!
Pelo país! Por uma ideia!
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- Hospitais e educação gratuitos.
- Pois claro.
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E já agora, esses 100.000 que fogem
de Mariel, estão a dar-se por vencidos.
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- A dar-se por vencidos?
- Sim!
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Isso é precisamente
o que não estão a fazer!
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Para que queres educação gratuita
se não podes ler e dizer o que queres?
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- De que serve a vista se são todos cegos?
- Nunca ouvi o teu pai a queixar-se.
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- Não a ti.
- Nem a ti.
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- O teu pai apoia esta revolução.
- Porque é tudo o que lhe resta!
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Se se opuser agora,
com que é que fica?
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Se se opuser a Fidel,
toda a sua vida perderá o sentido!
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Teria desistido de tudo
por uma porra duma mentira!
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O Turi está a dormir!
Toda a vizinhança está a dormir!
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O país está todo a dormir!
Os meus filhos têm que acordar!
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Os meus filhos não fecharão os olhos a isto!
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- Vamos, levanta-te, já!
- Podem ouvir-te da rua.