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Matou o engenheiro, não foi?
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Ele não queria vigiar o velho
e eram só duas horas por dia.
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Não, ele estava acima de tudo!
Não tinha família para sustentar!
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Todas as noites borga até ás tantas.
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Bêbados a entrarem e a saírem.
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Não deixava dormir ninguém.
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Estava a destruir a comunidade.
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Então mate-me a mim também
e não me venha com sermões.
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Você é um impostor e um ladrão,
como eu, como todos.
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Não, eu não sou um ladrão.
Não sou um ladrão.
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Tenho direito. Tenho, pois.
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Fizemos o totobola juntos.
Sem mim ele teria errado tudo.
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Ele pedia-me ajuda.
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Daquela vez disse:
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"Sporting-Real Sociedad..."
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E eu...
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Eu disse...
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..."X".
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Não sei, saiu-me cá de dentro.
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Mais ninguém,
em toda a Espanha, pôs "X".
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Só eu.
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Eu disse "X".
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Quando soube que ele tinha acertado
em todas,
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fiquei contente. Juro que fiquei.
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E o velho não quis dividir
a massa com ninguém.
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Como se nós nem existíssemos.
Éramos vizinhos.
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Uma vida inteira juntos,
a cruzarmo-nos no elevador, no café...
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Isso para ele não tinha significado.
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Podia ter-nos dado uma parte
ou prendas boas, sei lá.
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Mas não, queria tudo para ele,
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o avarento de merda.