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E eu...
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Eu disse...
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..."X".
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Não sei, saiu-me cá de dentro.
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Mais ninguém,
em toda a Espanha, pôs "X".
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Só eu.
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Eu disse "X".
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Quando soube que ele tinha acertado
em todas,
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fiquei contente. Juro que fiquei.
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E o velho não quis dividir
a massa com ninguém.
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Como se nós nem existíssemos.
Éramos vizinhos.
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Uma vida inteira juntos,
a cruzarmo-nos no elevador, no café...
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Isso para ele não tinha significado.
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Podia ter-nos dado uma parte
ou prendas boas, sei lá.
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Mas não, queria tudo para ele,
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o avarento de merda.
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Desde aí que todas as noites
sonho com aquele momento.
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Se tivesse ficado de bico calado,
em vez de falar,
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se não tivesse dito "X",
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o estupor não nos teria dado cabo
da vida.
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Vai ficar com o dinheiro todo?
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O quê?
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Você não mataria por 30 milhões,
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mas por 300, sim.
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Há até quem mate
por 1 5 mil pesetas.
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Precisava da vizinhança.
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Sozinho não podia controlar o velho.
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- Planeou tudo desde o início.
- É mentira.
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Agora que já não precisa deles
como pensa sair daqui?
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Matando-os a todos, é?
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Precisa de uma boa desculpa
para sair com a mala,
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mas deve ter pensado nisso.