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Ela tapava as feridas
e os cortes e aceitava-o. . .
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. . .porque ele implorava
e chorava.
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Pergunta-me o que aconteceu
depois do regresso dele.
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Querias saber o que me tinha
acontecido! Agora, pergunta-me!
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-Não gosto disto.
-"Ele magoou-te?" Pergunta!
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Ele magoou-te?
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Não por muito tempo.
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Aos 1 3 anos saí de casa.
Fugi.
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Mas tinha saudades dela, por isso
tinha de voltar para vê-la.
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Então, uma noite, voltei.
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Pergunta o que aconteceu. "Que
aconteceu na noite em que voltaste?"
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Que aconteceu?
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Ele estava lá,
bêbedo como habitual.
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Só que desta vez,
eu não era o mesmo.
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Eu tinha 1 6 anos
e já não tinha medo dele.
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E quando o olhei nos olhos. . .
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. . .e disse que se ele voltasse a tocar
nela, eu o matava, ele soube.
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Ele soube que tinha morrido
para mim.
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E eu estava em frente à casa.
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Gritava para que ela saísse.
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Dizia-lhe que ela não tinha
de aguentar mais aquilo.
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Não tinha.
Ela podia voltar comigo.
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Eu não o vi aproximar-se.
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Ele bateu-me com um pau
e comecei a sangrar do ouvido.
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Ele arrastou-me para dentro
da garagem e depois saiu.
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Um minuto, cinco minutos,
não sei. . .
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Depois ele voltou e regou-me.
E eu não compreendia.
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Não compreendia por que a água
cheirava tão mal.
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Não compreendia.
E depois fez-se luz.
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Eu vi. . .
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. . .aquela. . .
1:29:39
. . .aquela lata de gasolina.
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Aquela lata vermelha
de gasolina do camião dele.
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E ele olhou para mim
uma última vez. . .
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. . .e acendeu um fósforo.