:29:00
	Tem passado manuscritos
a um editor.
:29:04
	Ai sim?
:29:07
	Confio demasiado, Madeleine.
:29:18
	Isto é uma grande desilusão.
:29:24
	Pois é. O papel é barato,
a letra demasiado pequena.
:29:28
	Que haveis feito?
Subornastes um dos guardas?
:29:31
	Lmplorastes-me que escrevesse.
:29:33
	Para propósitos curativos,
para acabar com a loucura.
:29:35
	Mas não tendes o direito de publicar!
Nas minhas costas, sem aprovação?
:29:40
	Havei-lo lido mesmo?
Ou fostes logo para as dobras?
:29:45
	- O suficiente para perceber o teor.
- E...?
:29:51
	Nem sequer é um romance a sério!
:29:53
	Não passa de uma enciclopédia
de perversões!
:29:56
	E falha como exercício de engenho.
:29:59
	As personagens são inexpressivas.
O diálogo é vazio.
:30:02
	Já para não falar da incessante
repetição de palavras como...
:30:05
	..."mamilo" e "lanca".
:30:07
	Aí encalhei, tendes razão.
:30:09
	E um âmbito tão pobre!
:30:11
	Só o pior da natureza humana.
:30:14
	Escrevo sobre as grandes verdades
eternas que ligam toda a Humanidade.
:30:18
	Pelo mundo inteiro...
:30:20
	...comemos, cagamos,
fodemos, matamos e morremos.
:30:23
	Mas também nos apaixonamos.
:30:25
	Construímos cidades,
compomos sinfonias e perseveramos.
:30:28
	Por que não escreveis também disso?
:30:30
	Lsto é uma ficção,
não um tratado de moral.
:30:32
	Mas não é esse o dever da arte?
Elevar-nos acima do diabo?
:30:36
	Julgo que esse é o vosso dever.
Não o meu.
:30:40
	Mais uma destas proezas...
:30:43
	...e ver-me-ei obrigado a negar-vos
todas as liberdades.
:30:47
	Trata-se daquele médico, não é?
:30:51
	Veio usurpar-vos o lugar, não foi?
:30:53
	Está em jogo mais
do que a vossa escrita.
:30:57
	- O Ministério ameacou encerrar isto.
- Não podem falar a sério!