:52:03
	...a transbordar...
de recheio.
:52:09
	Que mais trouxestes
para eu mordiscar?
:52:11
	Oh, Donatien, não deveis.
:52:14
	Contai-me.
:52:16
	Que outras guloseimas?
:52:17
	Tende vergonha.
:52:20
	Raios, mulher!
:52:22
	Bombons?!
:52:24
	Devo empanturrar-me
de ninharias inúteis...
:52:26
	...tragar vossos doces...
:52:28
	...quando o que quero, o que preciso
é de penas para escrever?!
:52:33
	E talvez de um tinteiro?
:52:35
	Perdoai-me, peço-vos.
:52:36
	Não vedes? Saquearam-me!
:52:41
	De forma mais notória que qualquer
uma das minhas personagens.
:52:44
	Como o saberia?
:52:45
	Como vos avisaria?
Escrevendo uma carta?
:52:48
	Com quê, minha noiva asnal?!
:52:50
	Peço-vos, Donatien,
como vossa esposa e única aliada:
:52:54
	- Parai de fazer tão monstruosa figura.
- Viestes dar-me sermões?
:52:57
	Ostentar vossas tendências
num palco?
:53:00
	Eles convenceram-vos a isto?
:53:02
	Conquistai os favores do doutor.
:53:04
	Devia talhar o meu nome no dorso dele
e encher-lhe as feridas de sal!
:53:10
	Estais aqui, em segurança,
rodeado de tijolo e argamassa...
:53:15
	...mas a minha prisão é bem
mais cruel. Não tem muros.
:53:19
	Apontam para mim e murmuram,
onde quer que esteja.
:53:21
	Na ópera, vaiam-me.
:53:23
	O padre recusou-se a ouvir
a minha confissão.
:53:26
	Disse que eu já estava condenada!
:53:28
	Por que tenho eu de sofrer
pelos vossos pecados?
:53:30
	É assim com os mártires,
não é?
:53:34
	Devolvei-me o anonimato, só peço
isso. Deixai-me de novo invisível.
:53:38
	Dizei-me. Haveis feito alguma coisa
para garantir a minha libertação? Não.
:53:43
	Rogastes ao tribunal?
Pedistes audiência ao imperador?
:53:46
	Ele recusa-se a receber-me!
:53:48
	É conveniente ter vosso marido
internado!
:53:50
	Já não tendes de levantar
as saias...
:53:52
	...nem de rachar a boca
para que eu a use para o prazer!
:53:57
	Não sois minha mulher! Sois
um dos meus muitos carcereiros!