Waking Life
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:09:12
A razão pela qual recusei o existencialismo...
:09:15
apenas como mais uma moda francesa
ou uma curiosidade histórica...

:09:20
é porque penso que ainda tem muito
para nos dar no novo século.

:09:24
Receio que estejamos a perder o
bom que é viver apaixonadamente,

:09:29
o sentido de sermos responsáveis
pelo que somos,

:09:33
a capacidade para fazermos algo de nós
próprios, e de estarmos de bem com a vida.

:09:37
O existencialismo é visto, frequentemente,
como uma filosofia do desespero.

:09:42
Mas penso que, na verdade,
é exactamente o oposto.

:09:44
Sartre, numa entrevista, disse que nunca
tinha tido um dia de desespero a sério na vida.

:09:49
Aquilo com que ficamos
da leitura destes tipos...

:09:52
não é tanto um sentido de angústia
a propósito da vida, mas...

:09:56
muito mais, uma certa exuberância
de nos sentirmos acima dela.

:09:59
É como se a vida
fosse uma criação nossa.

:10:03
Li os pós-modernistas com algum
interesse, talvez até, admiração.

:10:07
Mas ao lê-los fiquei sempre
com a sensação incómoda...

:10:11
que algo de muito importante
lhes estava a escapar.

:10:15
Quando se fala da pessoa
como produto social...

:10:20
ou como confluência de forças...
:10:23
ou fragmentada
ou marginalizada,

:10:27
o que se faz é criar
um enorme mundo de desculpas.

:10:31
E quando Sartre fala
da responsabilidade,

:10:33
não se está a referir
a nenhuma abstracção.

:10:35
Não fala do "eu" ou da "alma" de que
os teólogos costumam falar.

:10:40
É algo de muito concreto.
Como eu e tu aqui a falarmos.

:10:43
A tomar decisões. A fazer coisas
e a sofrer as consequências disso.

:10:47
Pode até ser que existam mesmo
seis biliões de pessoas no mundo.

:10:51
Apesar disso, o que tu fizeres
faz a diferença.

:10:55
Desde logo, em termos materiais.
:10:57
Faz a diferença, em relação aos outros,
e constitui um exemplo.


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