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Li os pós-modernistas com algum
interesse, talvez até, admiração.
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Mas ao lê-los fiquei sempre
com a sensação incómoda...
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que algo de muito importante
lhes estava a escapar.
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Quando se fala da pessoa
como produto social...
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ou como confluência de forças...
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ou fragmentada
ou marginalizada,
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o que se faz é criar
um enorme mundo de desculpas.
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E quando Sartre fala
da responsabilidade,
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não se está a referir
a nenhuma abstracção.
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Não fala do "eu" ou da "alma" de que
os teólogos costumam falar.
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É algo de muito concreto.
Como eu e tu aqui a falarmos.
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A tomar decisões. A fazer coisas
e a sofrer as consequências disso.
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Pode até ser que existam mesmo
seis biliões de pessoas no mundo.
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Apesar disso, o que tu fizeres
faz a diferença.
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Desde logo, em termos materiais.
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Faz a diferença, em relação aos outros,
e constitui um exemplo.
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Resumindo, penso que
a mensagem disto é...
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que nunca nos devemos
pôr à margem...
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ou vermo-nos como vítimas
das mais variadas forças.
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Somos sempre as nossas próprias decisões.
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A criação parece ser o resultado
da imperfeição.
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Parece ser resultado
de uma luta e da frustração.
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E é aí que eu penso
que nasce a linguagem.
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Tem origem no nosso desejo
de transcendermos o nosso isolamento...
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e de criar uma qualquer forma
de ligação aos outros.
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E devia ser fácil, quando era
apenas uma questão de sobrevivência.
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Como "água", não é?
Tivemos de arranjar um som para isso.
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Ou "Tens um dentes-de-sabre atrás de ti".
Tivemos de arranjar outro som para isso.
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Mas penso que, onde se torna
verdadeiramente interessante,
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é quando usamos esse mesmo sistema
de símbolos para comunicar....