Waking Life
anterior.
apresentar.
marcadores.
seguinte.

:10:03
Li os pós-modernistas com algum
interesse, talvez até, admiração.

:10:07
Mas ao lê-los fiquei sempre
com a sensação incómoda...

:10:11
que algo de muito importante
lhes estava a escapar.

:10:15
Quando se fala da pessoa
como produto social...

:10:20
ou como confluência de forças...
:10:23
ou fragmentada
ou marginalizada,

:10:27
o que se faz é criar
um enorme mundo de desculpas.

:10:31
E quando Sartre fala
da responsabilidade,

:10:33
não se está a referir
a nenhuma abstracção.

:10:35
Não fala do "eu" ou da "alma" de que
os teólogos costumam falar.

:10:40
É algo de muito concreto.
Como eu e tu aqui a falarmos.

:10:43
A tomar decisões. A fazer coisas
e a sofrer as consequências disso.

:10:47
Pode até ser que existam mesmo
seis biliões de pessoas no mundo.

:10:51
Apesar disso, o que tu fizeres
faz a diferença.

:10:55
Desde logo, em termos materiais.
:10:57
Faz a diferença, em relação aos outros,
e constitui um exemplo.

:11:01
Resumindo, penso que
a mensagem disto é...

:11:04
que nunca nos devemos
pôr à margem...

:11:06
ou vermo-nos como vítimas
das mais variadas forças.

:11:10
Somos sempre as nossas próprias decisões.
:11:23
A criação parece ser o resultado
da imperfeição.

:11:26
Parece ser resultado
de uma luta e da frustração.

:11:32
E é aí que eu penso
que nasce a linguagem.

:11:35
Tem origem no nosso desejo
de transcendermos o nosso isolamento...

:11:40
e de criar uma qualquer forma
de ligação aos outros.

:11:44
E devia ser fácil, quando era
apenas uma questão de sobrevivência.

:11:48
Como "água", não é?
Tivemos de arranjar um som para isso.

:11:51
Ou "Tens um dentes-de-sabre atrás de ti".
Tivemos de arranjar outro som para isso.

:11:55
Mas penso que, onde se torna
verdadeiramente interessante,

:11:59
é quando usamos esse mesmo sistema
de símbolos para comunicar....


anterior.
seguinte.