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que passa pelos teus músculos,
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e que se contraiem. Podes,
por exemplo,esticar o braço.
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Parecerá uma acção
da tua própria vontade,
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mas cada um...
cada componente deste processo...
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é na verdade governado
pelas leis da física:
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leis químicas, leis eléctricas
e por aí fora.
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O que acaba por dar a ideia de que
o Big Bang definiu as condições iniciais,
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e que toda a nossa história,
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a humana e a anterior,
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resulta apenas de uma jogada
das partículas subatómicas...
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em harmonia com essas leis básicas
e fundamentais da física.
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Pensamos que somos especiais, que
temos algum tipo de dignidade especial,
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mas tudo isso parece, agora,
ameaçado.
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Totalmente abalado neste contexto.
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Poderás dizer, "Espera aí.
E a mecânica quântica?
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"Sei o suficiente de física contemporânea,
para saber que as coisas não são bem assim.
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"É tudo uma questão de probabilidades.
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"É abrangente.
Não é determinista."
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E isso permitir-nos-á compreender
o livre-arbítrio.
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Mas se reparares nos pormenores,
não te vai ajudar muito...
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porque vais ter partículas quânticas
demasiado pequenas,
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com um comportamento,
aparentemente, desordenado.
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Guinam ao acaso. O seu comportamento
é absurdo por ser imprevisível...
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e não o compreendemos graças a nada
que tenha acontecido anteriormente.
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Acontece qualquer coisa, por acaso,
num dado enquadramento probabilístico.
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Mas terá isto alguma valia
no caso da liberdade?
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Deverá ser a liberdade
uma questão de probabilidades
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puramente aleatórias
no seio de um sistema caótico?
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Isso parece-me ainda pior.
Prefiro a ideia da roda dentada...
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integrada num enorme
maquinismo determinista...
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à de uma mera
transgressão aleatória.
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Por isso não nos podemos limitar
a ignorar o problema.
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Temos de arranjar espaço,
nesta concepção, para as pessoas,
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com tudo o que isso implica;
não apenas corpos, mas pessoas.
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E isso é tentar resolver
a questão da liberdade,
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encontrando espaço para a escolha
e para a responsabilidade...
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na tentativa de compreender
a individualidade.
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Não podemos combater o Estado,
a morte ou os impostos.
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Não falem em política ou em religião.
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Até parece a propaganda inimiga
na linha da frente.
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"Rende-te, soldado.
Rende-te soldado."
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Vimo-lo ao longo de todo o séc. XX.
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E agora, no séc. XXI,
é tempo de nos erguermos e percebermos...
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que não nos devemos permitir
ficar encurralados neste labirinto.