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Lembra quando o D. H. Lawrence teve a ideia
das duas pessoas que se cruzaram na estrada...
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e que, em vez de se olharem apenas,
ao passarem uma pela outra,
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decidiram aceitar aquilo a que ele chamou
"o confronto entre duas almas."
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Como se libertássemos os deuses corajosos
e inconsequentes que nos habitam.
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Então, é como se já nos conhecêssemos.
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Ando a trabalhar num projecto.
Espero que estejas interessado.
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Uma novela,
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e, por isso, as personagens
são vidas fictícias.
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São os "alter egos"
dos actores envolvidos.
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Imagina qualquer coisa
que sempre quiseste fazer...
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ou a vida que gostarias de levar,
a ocupação, qualquer coisa assim.
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Nós integramo-la no guião
e fazemos-te interagir
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com os outros envolvidos,
de acordo com os preceitos da novela.
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Depois, gostava de o fazer ao vivo,
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com a presença dos actores, para que,
quando o episódio fosse apresentado,
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a plateia pudesse dirigir
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os actores, nos episódios seguintes,
com menus de escolha ou coisa do género.
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Teria sempre a ver com as escolhas,
contemplando-se a habilidade das pessoas...
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para dizer aquilo que gostariam de ver...
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ao mesmo tempo que o consumismo,
a arte e a comodidade.
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E se não gostares do resultado,
podes sempre rejeitá-lo...
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e receberes de volta o dinheiro,
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ou participar apenas,
fazendo apenas escolhas.
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- E então, aceitas?
- Sim. A ideia parece-me fixe.
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Gostava de entrar nisso, mas...
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Parece-me que antes
te tenho de fazer uma pergunta.
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Não sei como explicá-lo, mas...
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como é que se pode ser
uma personagem num sonho?
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É que, neste momento,
não estou acordado.
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E já não uso relógio,
para aí desde o secundário.
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E também acho que
este relógio é o mesmo.
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Nem sequer sei se és capaz
de responder a esta questão.
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Estou apenas a tentar perceber
onde estou e o que está a acontecer.