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Chamo-me Malik Bishop
e sou um assassino profissional.
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Até há um mês, eu era o sacana mais rijo e frio...
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a enroscar um silenciador numa pistola.
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Sei o que estão a pensar:
''Que tipo de existência moral é essa?
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''Assassino profissional.''
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Acho que o mundo está cheio de pessoas que,
francamente, todos dispensaríamos.
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Alguns diriam que eu sou uma delas,
mas eu discordo.
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Diria que era um guardião
da recusa antropológica.
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Ou seja, mato sacanas que não valem nada.
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O que me leva ao meu dilema actual.
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Aquele é o meu alvo, a Cynda Griffie.
É gira, não?
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Topem isto:
Às 7:00, ela faz 30 minutos na passadeira,
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seguidos de ioga e um banho quente.
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Eu? Faço 30 minutos de boxe sozinho,
seguidos de calistenia,
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enquanto a vejo a tomar um banho quente.
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Já perceberam que sou aquilo a que se chama
um homem negro complexo.
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Sim, isso mesmo, sou complexo.
Mas não me interpretem mal.
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Não sou daqueles cabrões, tipo Eric Benét,
de sandálias abertas, que recitam poesia,
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ouvem Jill Scott, bebem até tarde,
não têm medo de chorar e são uns snobes.
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Sou uma coisa diferente.
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Às 22:00, ela escreve no seu diário.
E eu no meu.
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Às 23:00, ela deita-se. Também eu.
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Para todos os efeitos,
somos como marido e mulher.
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O que não é bom, pois quando chegar a ordem,
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tenho de a tirar deste raio de mundo.
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E agora, estou com dúvidas.
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Que raio terá sido?
Talvez um acesso momentâneo de consciência?
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Era muito mais.
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Começou quando eu assassinava...
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para um traficante de crack chamado...
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O Frenchy Davis era o maior empregador
de jovens negros em decadência...
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do bairro.
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A zona por baixo da Ponte da Rua Seis
era a sede da companhia.
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E ele procurava sempre novos executivos.
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Se eu digo que quero um cabrão morto,
é isso mesmo que quero,
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um cabrão morto.