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Merecemos uma festa própria.
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Tens uns olhos muito claros.
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O que te chamam?
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Griet.
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O teu mestre é um grande pintor, Griet.
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O melhor de Delft. Ele pintou-me a mim.
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Talvez isso seja o meu epitáfio.
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Olha-me para este vestido.
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Quase que consegues
acariciar o cetim.
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O vinho a cintilar através do vidro...
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Consegues imaginar-te
no meio de tanto luxo, Griet?
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Ela adorou-o, sabes?
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O cetim pressionado
contra os seus seios.
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A seda pesada nas suas coxas...
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Os cavalheiros a observar...
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Meu Deus, ela estava feliz.
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Ela pensou que era alguém,
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toda vestida como uma dama...
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Verde como relva, minha cara.
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Ela só trabalhou lá alguns meses até o
Mestre Van Ruijven a trazer cá para ser pintada.
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Vestiu-lhe aquele belo vestido vermelho,
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derramou vinho como se estivesse
a forçar um ganso.
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Aquele vestido não deve
ter ficado muito tempo nela.
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Abortou antes mesmo
da tinta estar seca.
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Ele pensa que nós não sabemos
celebrar um nascimento, não é?