Carandiru
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:13:01
mataram meu irmão.
:13:04
Dois dias depois, o assassino
teve um encontro com a morte.

:13:09
Aì a suspeita recaiu-se
sobre a minha pessoa.

:13:12
Uns dizem que fui eu,
mas não viram...

:13:15
e outros, dizem que viram
que eu não fui.

:13:18
E, nessa de uns achar que fui eu,
sem ver e outros ver que não...

:13:22
eu tou aqui, faz cinco anos, doutor...
:13:24
na expectativa do que o juiz
vai decidir.

:13:28
Escuta, Barba, você tem relação
sexual aqui dentro da cadeia?

:13:34
Quem disser que não tá mentindo.
:13:36
Usa camisinha?
:13:38
Quando tem, uso.
:13:40
-E droga na veia?
-Que é isso, doutor?!

:13:43
Eu que pergunto, Barba:
o que é essa marca no braço?

:13:53
Barba é o próximo.
:14:10
Meu nome é Alìpio.
:14:14
Alìpio, você usa droga?
:14:17
Nada na veia?
:14:18
Esquece, doutor. Peguei AlDS
foi comendo bunda de cadeia.

:14:25
Muita bunda.
:14:29
Adianta fazer o teste?
:14:35
Eu escuto dou conselho,
faço carinho, ponho no colo...

:14:41
aì, depois, eles sempre fazem um
agrado pra nós, sabe, doutor, assim:

:14:45
um maço de cigarro, um docinho,
um pedaço de queijo...

:14:50
Sabe doutor é muito homem
fechado aqui, sabe...

:14:53
sem aquela nossa coisa
feminina de da apoio.

:14:56
Tô co´a AlDS sim, doutor,
mas num peguei aqui dentro não.

:14:59
Truxe da rua. Não dá nem
prá reclamá, viu, doutor, porque...


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