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Papá.
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- Entra.
- Lamento acordar-te.
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Não, só estava lendo.
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Onde estiveste?
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Em todo o lado.
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Estes últimos dos dias
foram uma loucura.
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- Estiveste a evitar-me.
- Não, não é assim. Não digas isso.
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De acordo, talvez sim.
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Sei que podes encontrar
muitas coisas na tua vida...
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com as quais podes estar chateado.
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Mas não entendo porque
estás tão chateado comigo.
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Só quis que todos fossem felizes.
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- Só quis isso.
- Quando fomos felizes, papá?
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Sempre dizes isso,
quando fomos?
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Em que momento achas
que fomos felizes?
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Porque eu não me lembro.
E se assim foi, gostava de me lembrar.
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Tu e eu devemos tratar de estar bem
daqui para o futuro.
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Podíamos tentá-lo.
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Se puderes perdoar-te
pelo o que fizeste.
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O que fiz.
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O que fiz.
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Bem. aqui estamos.
Vamos fazê-lo.
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Vou perdoar-me pelo que fiz.
Estás pronto?
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Eu era uma criança e alguém fabricou
uma peste de merda.
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Isso é o que penso de tudo isto.
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E não tomarei esse medicamento
porque me deixa tonto.
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Tenho-me sentido tonto por tudo
o que aconteceu na minha vida.
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E por isso...
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Estou aqui para perdoar-te por isso.
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Sempre disseste que tinhamos
o que queríamos.
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Quem sabe se mãe queria
era que tudo acabasse.
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E quanto a mim...
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o que mais quero no mundo
é que aceites...
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que volte a sentir algo.
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Mesmo que seja a dor.