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Aliás, a sequência da criação,
um ponto alto neste filme,
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é apresentada num
parágrafo não muito detalhado no livro:
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"Foi numa noite triste de Novembro que
contemplei a proeza das minhas ciladas."
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"Com uma ansiedade que
chegava quase à agonia,
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juntei à minha volta
os instrumentos de vida,
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para assim poder instilar vida nesta coisa
sem vida que jaz aos meus pés."
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"Já era uma da manhã;
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a chuva rufava tristemente
contras as vidraças,
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e a minha vela estava
quase consumida, quando,
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através do clarão
da luz meio apagada,
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vi o olho lânguido e amarelo
da criatura aberto."
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"Respirava a custo, e um movimento
convulsivo agitou-lhe os membros."
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A seguir noutro parágrafo ela escreveu:
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"Trabalhei duramente durante
quase dois anos
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com o único propósito de infundir vida
num corpo inanimado."
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"Por isso privei-me de descanso
e da saúde."
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"Desejara-o com um ardor
que excedia em muito a moderação,
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mas agora que tinha acabado,
a beleza do sonho esvanecera-se,
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e o horror e a náusea ofegantes
encheram-me o coração."
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O monstro fora descrito
como uma projecção
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do sentimento da Mary Shelley
de isolamento e rancor,
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originados pela morte da mãe dela
quando ela tinha apenas dez dias.
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A Mary foi mal tolerada pelo seu pai cruel
e tornou-se introspectiva,
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passando a infância entretida sozinha:
A ler, a escrever e a sonhar acordada.
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Numa carta enviada ao Colin Clive
antes da produção,
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James Whale descreveu como é que ele
via a personagem do Frankenstein:
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"Uma pessoa intensamente racional,
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por vezes bastante fanático, e em uma
ou duas cenas um pouco histérico."
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"E uma ligeira reminiscência
do esgotamento em Journey's End."
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"Os nervos de Frankenstein
estão arruinados."