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Rick, tenho de falar com você.
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Guardei meu primeiro drinque para
tomá-lo com você. Aqui está.
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-Não, Rick. Não essa noite.
-Especialmente essa noite.
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Por que tinha de vir a Casablanca?
Existem outros lugares.
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Não teria vindo se soubesse
que você estaria aqui.
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Acredite, Rick, é verdade.
Eu não sabia.
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Engraçado, sua voz não mudou.
Ainda posso ouvi-la.
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" Richard, querido,
irei com você a qualquer lugar.
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Pegaremos um trem e nunca pararemos."
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Não, Rick.
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Posso entender como se sente.
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Você entende como me sinto.
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Quanto tempo tivemos, meu bem?
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-Não contei os dias.
-Bem, eu contei.
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Cada um deles.
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Lembro-me bem do último.
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O final dramático. Um cara de pé
na plataforma debaix o da chuva...
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...com uma expressão cômica no rosto...
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...porque sofreu um tremendo golpe.
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Posso lhe contar uma história, Rick?
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Tem final dramático?
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Não sei qual é o final ainda.
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Vá em frente, conte. Talvez um
final desses te ocorra ao contar.
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E sobre uma garota que tinha
chegado a Paris vinda de Oslo.
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Na casa de uns amigos...
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...ela conheceu um homem de quem
havia ouvido falar sua vida inteira.
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Um grande homem, de muita coragem.
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Ele mostrou a ela
um belo mundo cheio de...
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...sabedoria e idéias e ideais.
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Tudo que ela sabia ou
se tornou foi por causa dele.
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E ela o admirava e...
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...o reverenciava...
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...com um sentimento
que supunha ser amor.
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Sim, isso é muito bonito.
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Ouvi uma história uma vez. Na verdade,
ouvi muitas histórias na minha vida.
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Eram sempre acompanhadas
pelo som de uma pianola...
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...tocando lá embaix o no saguão.
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" Moço, conheci um homem quando
era menina", começavam sempre assim.