1:56:08
	O que é que ela disse?
- Vamos morrer todos amanhã.
1:56:12
	E sabes isso tão bem como ela.
- Ela é doida!
1:56:16
	Isso é só mais uma previsão cigana.
1:56:20
	Não acreditas?
- Claro que não.
1:56:25
	Ela tinha uma razão para me contar.
Eu tenho de te contar o que se
1:56:29
	passou comigo
quando mataram os meus pais.
1:56:32
	Já me contaste!
- Não.
1:56:36
	Ainda não contei o que se passou
desde as montanhas
1:56:40
	até ao barbeiro.
- Não quero ouvir.
1:56:43
	Um homem disse para o outro:
1:56:45
	"Esta é a filha
do Presidente da Câmara".
1:56:49
	O outro disse: "Ela primeiro."
Levaram-me para o barbeiro,
1:56:53
	sentaram-me numa cadeira
e amarraram-me.
1:56:58
	Olhei-me no espelho,
mas só consegui ver os meus pais
1:57:02
	no momento,
em que foram assassinados.
1:57:05
	As palavras da minha mãe
ficaram na minha cabeça como um grito.
1:57:11
	Então senti uma dor.
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	Estavam-me a puxar o cabelo
e a cortá-lo,
1:57:17
	depois puseram-me a trança
na boca e...
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	ataram-me à volta do pescoço
e amordaçaram-me com ela.
1:57:25
	E depois puseram ganchos por
toda a minha cabeça...
1:57:30
	Foi aí que comecei a chorar. Antes
estava chocada para sentir algo.
1:57:37
	No espelho conseguia ver
os homens a rirem-se.
1:57:42
	Não conseguia deixar de olhar
para a minha cara horrorizada.
1:57:53
	Quando me levaram para fora,
tropecei no barbeiro morto.
1:57:57
	Mataram-no
porque ele pertencia a um sindicato.