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- E há doce de laranja.
- Isto está diferente.
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Pois está. Pus cortinas novas.
Pintei o frigorífico.
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- Está bonito.
- E vai continuar bonito.
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Tive outro sonho
uma noite destas.
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- Sonhaste com a Sheba?
- Sonhei com tudo e todos.
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A Marie e eu fomos às Olimpíadas.
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Só que eram no estádio
do nosso antigo liceu.
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Havia milhares de pessoas lá.
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O Turk estava em campo,
a atirar o dardo.
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De cada vez que o atirava,
a multidão aplaudia.
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Sabes quem era o juiz?
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O meu pai.
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O Turk nunca era a mesma pessoa,
e o meu pai desclassificou-o.
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Ele teve de ir para o banco.
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Adivinha quem tomou o lugar dele.
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Tu. Entraste em campo
como se fosses o maior do mundo.
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- Que tal me saí?
- Lindamente.
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Pegaste no dardo com esforço,
mas atiraste-o.
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Atiraste-o para muito longe.
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Não voltámos a vê-lo.
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Começou a chover.
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Eu estava num frenesi,
porque não encontrava a Sheba.
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Era tanta gente
que eu não sabia onde procurar.
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Tu estavas à minha espera.
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Andámos, andámos,
pela lama.
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Havia gente por todo o lado.
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De repente...
É a parte triste, papá.
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De repente, vi a Sheba.
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Estava morta, no meio do campo.
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Senti um aperto no coração.
Ninguém ligou.
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Mas eu chorei muito.
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Fiquei numa aflição.
Aquela cadelinha amorosa,
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com o pelinho branco enlameado,
sem que ninguém parasse...