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Parecia preocupado, a pedir
conselhos a alguém pelo telefone.
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Alguém, sem ser a mulher dele?
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Nunca o vi pedir conselhos a ela.
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Ela oferecia muitos,
mas nunca o vi pedir nenhum.
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- Pergunto-me onde ira.
- Não sei.
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E se nunca mais volta?
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Ele vai voltar.
As coisas dele ainda ali estão.
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Agora ja se deve poder
acender uma luz.
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Ainda não!
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Ja podes acender. Ele foi
a qualquer sítio, para a direita.
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Todo o dia me tentei concentrar
no meu trabalho.
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Pensaste no Thorwald?
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E em ti,
e no teu amigo Doyle.
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Ja soubeste dele,
desde que saiu daqui?
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Não sei nada. Disse que ia
â estação, procurar o baú.
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Ainda deve estar a fazer isso.
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Tens alguma ideia?
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- Não faz sentido.
- O quê?
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As mulheres não são assim
tão imprevisíveis.
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Eu não adivinho
em que estas a pensar.
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Uma mulher
tem uma mala preferida,
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que esta sempre perto da cama,
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onde lhe pode chegar
com facilidade.
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E, de repente, vai-se embora
de viagem e não a leva? Porquê?
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Porque ela não sabia
que ia fazer uma viagem
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e, para onde foi,
não vai precisar da mala.
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Sim, mas isso
so o marido é que sabia.
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E as joias! As mulheres
não guardam as joias numa mala,
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para ficarem todas enroladas,
arranhadas e embaraçadas.
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Escondem-nas
nas roupas do marido?
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Não fazem nada disso. E também
não as deixam ficar em casa.
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Uma mulher que va para algum sítio,
sem ser para o hospital,
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leva a maquilhagem,
o perfume e as joias.
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Põe isso aí.
Fala a experiência, não é?
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E equipamento basico. E também
não se deixa na gaveta do marido,
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dentro da nossa mala preferida.
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Concordo contigo, querida,
concordo contigo.