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Um homem rico. Um homem poderoso.
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-Um cigarro?
-Não, obrigado.
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-Um cigarro, menina?
-Não, obrigada.
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Não é uma história invulgar.
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Ela veio de um sítio pequeno,
para o sul da cidade.
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Há quem diga que de uma missão.
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Jovem, sim. Muito jovem.
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E foi descoberta por esse homem
a dançar e a cantar num cabaré...
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e ele levou-a...
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e construiu para ela a grande casa
de Western Addition.
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E...
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havia uma filha.
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Sim, é isso. A filha.
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Não posso dizer-lhe exactamente
quanto tempo passou...
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ou quanta felicidade havia...
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mas depois ele abandonou-a.
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Ele não tinha mais filhos.
A sua mulher não tinha filhos.
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Por isso, ele ficou com a criança
e abandonou-a.
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Um homem podia fazer isso
naqueles tempos.
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Tinham o poder e a liberdade.
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E ela tornou-se na triste Carlotta.
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Sozinha na grande casa...
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andando sozinha pelas ruas...
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com as roupas a ficarem velhas,
remendadas e sujas.
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E, a louca Carlotta...
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interpelando as pessoas na rua
para perguntar:
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"Onde está a minha filha?
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"Viram a minha filha?"
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-Pobre coitada.
-E ela morreu.
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-Morreu.
-Como?
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Pelas suas próprias mãos.
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Há muitas histórias assim.
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-Muito obrigado.
-Não tem de quê.
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-Agradeço-lhe. Adeus.
-Adeus.