:34:06
Olá, minha mais-que-tudo.
É tão bom ouvir a tua voz.
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Ainda vomito.
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Não, não dormi nada bem, querida.
De facto, não preguei olho.
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Pois eu dormi lindamente.
Tive um sonho maravilhoso.
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Estava no iate
e a âncora levantou-se.
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Vagueámos dias e dias.
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Tu comandavas,
eu obedecia.
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Eu ficava de vigia aos icebergs,
arrumava as conchas, mexia cocktails
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e desembaciava-te os óculos.
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E quando acordei,
quis ir ter contigo a nado.
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Sim...
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Olha, sobre o nosso encontro...
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Vou ter ao cais
assim que acabar o espectáculo.
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Não, hoje não posso.
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E amanhã também não.
Tenho de partir.
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Apareceu um imprevisto.
Vou partir agora mesmo.
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Para onde?
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América do Sul?
:35:05
Não estava nada à espera.
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Temos interesses petrolíferos
na Venezuela.
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Recebi um telegrama do pai.
A administração decidiu fundir.
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Fundir?
E vais por quanto tempo?
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Bastante.
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Aliás, já não volto.
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Não?
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É complicado. É o que nós
chamamos alta finança.
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O presidente da associação dos petróleos
da Venezuela tem uma filha...
:35:35
Ah, esse tipo de fusão.
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E como é que ela é?
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Segundo o nosso financeiro,
é assim-assim.
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Mas é daí que jorra o petróleo.
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Um homem na minha posição
tem deveres para com os accionistas.
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Os zés-ninguém que investiram
as poupanças todas.
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Claro. Compreendo.
Pelo menos, acho que sim.
:35:55
Sabia que ias compreender.
Só queria poder fazer algo por ti.