1:36:03
O Sebastian
estava todo de branco.
1:36:06
Vestia um fato de seda branco,
gravata branca, um panamà branco.
1:36:11
Näo parava de tocar no rosto
e no pescoço:::
1:36:15
...com um lenço de seda branco...
1:36:17
...sempre a meter comprimidos
brancos na boca.
1:36:20
Eu sabia que o coraçäo estava a
dar-lhe problemas e ele tinha medo.
1:36:24
"Vamos para norte", dizia ele.
1:36:26
"Jà chega de Cabeza de Lobo.
Jà fizemos tudo, näo achas?"
1:36:31
Eu achava que sim.
1:36:32
Havia crianças na praia...
1:36:35
...que estava separada do restaurante
por uma vedaçäo.
1:36:39
A nossa mesa estava a menos
de um metro da vedaçäo.
1:36:43
E aquelas crianças...
1:36:46
Havia um bando delas.
1:36:48
Parecia um banco
de pàssaros depenados...
1:36:51
...e vieram para a vedaçäo
de arame...
1:36:53
:::como que
impelidos pelo vento...
1:36:56
...pelo vento branco quente
do mar.
1:36:58
Diziam todas:
"Pan! Pan! Pan!"
1:37:02
Pediam päo?
1:37:04
Faziam um barulho com a boca...
1:37:06
...metiam as mäos na boca
e faziam...
1:37:09
...um barulho,
com uns esgares assustadores.
1:37:14
Lamentàmos ter là ido,
mas era tarde demais para partirmos.
1:37:18
Por que era tarde demais?
1:37:20
Eu disse. O Sebastian näo estava
bem. Tinha os olhos esbugalhados.
1:37:25
Mas disse: " Näo olhes
para aqueles monstrinhos.
1:37:28
Os pedintes säo uma doença
social neste país.
1:37:31
Se olhares para eles,
ficas farta do país.
1:37:33
Isso estraga o país."
1:37:37
Continue.
1:37:41
Continue.
1:37:46
Continue.
1:37:49
Eu vou continuar.
1:37:51
O bando de crianças começou
a fazer-nos uma serenata.
1:37:55
-O quê?
-A tocar instrumentos...
1:37:57
...a fazer música, se é
que se pode chamar música.