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Temos de saber ao certo se reconheceis
os descendentes da Rainha Ana...
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como herdeiros do trono.
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O Rei no parlamento diz-me que são.
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-É claro que os reconheço.
-Sois capaz de o jurar?
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-Sim.
-Então, porque não presta juramento à lei?
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Porque há mais coisas na lei.
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Exacto. Está exposto no preâmbulo
que o anterior casamento do Rei...
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com Lady Catarina era ilegal...
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pois era viúva do irmão e o Papa
não tinha autoridade para o sancionar.
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É isso que negais?
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É isso que contestais?
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É disso que não estais certo?
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Insultais Sua Majestade e o Concelho
na pessoa do Sr. Arcebispo!
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Não insulto ninguém.
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Não assumo o juramento.
Não vos digo por que não o faço.
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-Então, deve ser por traição!
-Pode ser, não "deve ser".
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É um pressuposto justo!
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A lei requer mais que pressupostos,
requer factos.
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Claro, não posso julgar
a vossa posição legal no caso,
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mas até conhecer a base
das vossas objecções...
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só posso adivinhar
a vossa posição espiritual.
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Se desejais adivinhá-la, será irrelevante
adivinhar as minhas objecções.
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Tendes então objecções à lei?
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Isso já sabemos.
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Não sabeis, não.
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Podeis supor que tenho objecções,
mas só sabeis que não o jurarei...
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pelo que, legalmente,
não podeis continuar a atacar-me.
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Mas tivésseis razão em supor
que não tenho objecções, bem como...
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em supor que as minhas objecções
são traição...
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a lei deixar-vos-ia cortarem-me a cabeça.
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Sim.
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Muito bem.
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Tenho tentado explicar isso
a Sua Majestade há algum tempo.