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Uma daquelas velhotas solteironas,
provavelmente apaixonada pelo patrão.
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- O Julian disse-lhe isso?
- Não exactamente.
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Mas uma noite em que ficou a trabalhar,
tive uns ciúmes súbitos dela.
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Quando lhe contei, ele fartou-se de rir.
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- Alguma vez teve ciúmes dela?
- Eu não.
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Uma mulher que se case com o Julian
não pode ser possessiva.
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Sei que ele deve ter dado umas voltas.
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Afinal, quando um homem
tem um casamento horrível...
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Pare de dizer isso. Tenho mesmo de ir.
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Fez-me uma pergunta,
agora quero eu fazer-lhe uma.
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Tem a certeza que já não o ama?
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Claro que já não o amo.
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Mas não se deixa um homem
após tantos anos sem sofrer um pouco.
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Um homem com quem partilhámos
coisas normais, do dia-a-dia.
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Preocuparmo-nos com o barbeiro dele,
fazermos-lhe sanduíches.
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Ele adora sanduíches
de salada de galinha e ovo.
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E comprar-lhe as camisas, os pijamas,
os lenços, tratar dele.
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Planear as coisas dele,
um homem só nosso.
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Pelo menos, quase nosso.
Não sei o que me deu.
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Estou a dizer disparates.
Deve ser da música.
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Trata de me enviar o disco do Horowitz?
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Claro. Cobro-o ao Dr. Winston?
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É melhor habituar-me a pagar as coisas.
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- Quero que lho mande para casa?
- Sim.
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Não. Mande-o para o nº 975 de Glenwood,
Jackson Heights, Apartamento 3A.
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Mudou-se?
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Embalei tudo, incluindo as crianças,
e fui para casa da minha irmã.
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Achei que era o melhor para todos.
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E o seu futuro? Que será de si?
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Partirei rumo ao pôr-do-sol.
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Quero ter a certeza que ficará bem.
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Hei-de escrever-lhe todos os dias.