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Céus...
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Desculpe. Por acaso...
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...posso deitar-me no seu sofá
só por umas duas horas?
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Estou exausto.
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- Por que näo vai para casa?
- Pá...
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Passei a noite
a fazer-me essa mesma pergunta.
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E entäo? Entäo, que aconteceu?
Por que näo pode?
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Está certo...
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Esta noite,
conheci uma rapariga num café.
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Deu-me o número de telefone.
Quando cheguei a casa, liguei-lhe.
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Convidou-me a ir a casa dela. No táxi,
o dinheiro voou-me pela janela.
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Depois, comecei a conhecer a rapariga
e näo me dei bem com ela.
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Näo resultou, e eu saí.
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Tentei apanhar o metro, esta noite.
O preço aumentou. Sabia?
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- Sim.
- Sabia disso?
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Eu näo fazia a mínima ideia.
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Näo tinha dinheiro para ir para casa,
até que conheci um barman,
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um tipo simpático
que quis emprestar-mo.
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Ele queria mesmo dar-me o dinheiro...
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Eles tinham mesmo comprado
aquela peça.
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Eu näo fazia a mínima ideia.
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Ela também estava lixada comigo,
e por isso näo a censuro,
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pelo modo como tratei a amiga.
Imperdoável.
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Entäo, fui lá para me desculpar,
mas ela já se tinha matado.
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Cheguei tarde de mais.
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E ele estava prestes a dar-me
o dinheiro, quando o telefone tocou.
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A namorada suicidara-se.
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É coincidência?
Näo, porque a mesma rapariga
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que eu vim visitar à Baixa
também morreu!
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Porque säo a mesma pessoa!
Estäo ambas mortas.
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Eu nem podia acreditar!
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Näo sabia que eu tinha vindo
para... sabe... a namorada dele...
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...senäo, teria batido na minha cara
e tê-la-ia feito num oito.
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Felizmente, havia uma rapariga que
viu tudo e me deixou usar o telefone.
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Uma simpatia. Deixou-me telefonar.
Era simples.
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Só usá-lo.
Pegar e pousá-lo. Pegar e largar.
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Agora, é ela que está no camiäo
dos gelados a tentar matar-me!
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Estäo todos a tentar matar-me!
Eu só queria sair de casa,
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talvez conhecer uma miúda simpática.
Agora, tenho de morrer por isso?!