:22:24
Quanto tinha 11 anos, apanhei uma dor
de ouvidos estranha que nunca mais saía.
:22:29
Uma centena de médicos
não me conseguiram ajudar...
:22:32
Então o Leo foi ao México,
:22:35
e trouxe uma bruxa-médica
gorda que me curou logo.
:22:40
Fiquei muito agradecido, mas achei
que teria ficado melhor surdo.
:22:44
Apesar de tudo, tive uma infância feliz.
:22:47
O meu pai, guarda fronteiriço, passou a vida
a tentar evitar que passassem a fronteira.
:22:52
Durante 15 anos, ele limpava a estrada
entre o México e o Arizona,
:22:56
e todas as manhãs ia à procura
de pegadas na poeira.
:23:00
Mas o meu pai sempre disse que o trabalho
era como um chapéu que pões na cabeça.
:23:04
E mesmo sem calças, não tinhas
que ter vergonha do teu rabo.
:23:10
De uma coisa eu tinha a certeza:
:23:13
No momento em que os meus pais morreram,
a minha infância foi-se para sempre.
:23:18
O Leo nunca conseguiu livrar-se da culpa
da morte dos meus pais há 6 anos atrás.
:23:22
O Leo conduzia o carro nessa noite.
:23:25
A coisa piorou tanto que até se sentia
culpado se usasse muita espuma de barbear.
:23:29
Quatro dias depois do funeral,
apanhei um comboio para Nova Iorque.
:23:34
Se alguém me perguntasse porque é que eu não
apanhava o próximo comboio para Nova Iorque,
:23:39
era porque não se pode dizer
não ao nosso herói de infância.
:23:42
Decidi ser o seu padrinho,
mas tinha a certeza de uma coisa:
:23:45
Não importa o quando adorava
o cheiro de colónia barata.
:23:48
Eu nunca iria ser como o meu tio,
e nunca iria vender Cadillacs.
:23:59
Axel, se eu morresse amanhã,
onde é que irias estar?