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Isso é por seres um génio.
A prova é que tanto o público
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como os intelectuais
te acharem incoerente.
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- É a marca de génio.
- Todos temos momentos de dúvida.
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Eu pinto uma tela por semana,
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depois olho-a com atenção
e rasgo-a com uma lâmina.
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No teu caso, fazes bem.
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Eu tenho sempre fé nas tuas peças.
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- Ela tem fé porque me ama.
- E por seres um génio.
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Há dez anos raptei-a a uma cómoda
e burguesa vida em Pittsburgh
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e desde então só a faço infeliz.
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Desde que seja bom, agarra-o.
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Nós, mulheres, fazemos a asneira
de nos apaixonar pelo artista...
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Ouvem-me? Apaixonamo-nos
pelo artista, não pelo homem.
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Onde está a asneira nisso?
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- É o artista que faz o homem.
- Não se pode separá-los.
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Imaginem que um prédio estava a arder
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e que só podiam ir lá
salvar uma coisa:
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ou a última edição
das peças de Shakespeare,
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ou um ser humano anónimo.
O que fariam?
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Não se podia privar o mundo das peças.
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Não é um objecto inanimado, é arte!
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E arte é vida, a arte vive.
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Temos a massa,
já podemos montar a peça.
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O quê? Quando, como?!
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Um mecenas meu conhecido
quer pagar tudo sozinho.
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Encontrei-o por acaso no Cotton Club.
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Sem condições?
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Amanhã encontramo-nos
para falar, sim?
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Na Termas Luxor, ao meio-dia.
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Estás doido?!
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Julgas que dou o papel principal
a uma amadora?
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Eu falei em papel principal,
Sr. Génio?
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À amiguinha do tipo da massa?
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Eu só falei dum dos papéis,
talvez o da Dra. Philips...
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O da psiquiatra? Um dos papéis-chave?
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É dos pequenos. Papel-chave...
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E quem é essa Olive Neal?
Sei lá se ela sabe representar.
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Ele diz que ela é feita do material
de que são feitas as estrelas.
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Porque está apaixonado...
E quem é ele?
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Chama-se Nick Valenti.
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Que faz para eu conhecer o nome?
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- Tem o dedo em vários bolos.
- Já não estou a gostar...