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Os teus instintos
são quase miraculosos.
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Ouve uma coisa...
A tua peça era muito boa...
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- São de fazer inveja.
- Era muito boa, só não pensaste.
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Às vezes as pessoas não pensam.
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Claro, para ti é simples.
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Para quem sabe, desenhar é fácil,
mas para quem não sabe...
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Estudei todos os mestres,
li todos os livros.
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Pois eu odeio professores.
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As cabras das que tive
costumavam dar-nos regadas.
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Quando era rapaz, tive um
colega que tocava acordeão.
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Eu adorava acordeão,
passava todo o tempo a estudar.
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Pois mal ele tocava uma nota,
o som quase nos punha a chorar.
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Eu cá quis dançar.
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A sério, quis dançar...
Nunca viste dançar o George Raft?
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O Sr. Marx diz que arrumaste
umas tantas pessoas... E verdade?
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- Isto é um interrogatório?
- De modo nenhum.
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- Então, por que perguntas?
- A verdade é que me fascina.
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- Tratei da saúde a uns tantos.
- Porquê?
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Sei lá porquê. Aldrabaram o Sr. V.,
não pagaram uma dívida...
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Nunca arrumei gajo nenhum
que não merecesse.
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Qual é a sensação de...
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- De matar um homem.
- Não é má.
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- Não é má?
- Não.
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- Mesmo da primeira vez?
- A primeira vez?
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A primeira foi na prisão,
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o sacana falou de mais e espetei-lhe
um picador de gelo nas costas.
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- Um picado de gelo?
- Sim, tive de o espetar 40 vezes.
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Uma porcaria, esquece.
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1 de Outubro.
A Helen deu uma festa.
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Foi como entrar num sonho.
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Convidou Maxwell Anderson, George
Kaufman, Gertrude Lawrence...
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Apresento-te o autor da peça,
David Shayne.
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Toda a gente diz por aí que
fizeste uma grande descoberta.