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que se o Abdel morre me vingo,
matando um chui!
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Para que fiquem sabendo que
não damos mais a outra face.
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Lindo discurso, tipo meio-Moisés
meio-Bernard Tapie...
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Agora a sério, não te metas, é
muita areia para a tua camioneta.
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Se o Abdel morre, perdemos
um amigo; sim ou não?
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E se morre um chui, é um a menos;
sim ou não?
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Mas tu estás sozinho,
não os podes arrumar a todos.
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Alguém te nomeou pregador?
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Agora sabes o que está
certo ou errado?
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Por que te pões ao lado
daquelas bestas?
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De que besta falas?
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Na escola aprende-se que ódio
gera mais ódio.
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Mas eu não andei na escola,
ando é nas ruas!
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E sabes o que me ensinaram?
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Que se dás a outra face
és um cabrão morto!
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Tu ouves-te? Apontaste uma arma
a um chui, podíamos estar mortos!
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Não há como uma boa cagadela.
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Crêem em Deus? A pergunta
deve ser é ao contrário;
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será que crê Deus em nós?
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Tive um amigo que se chamava
Grunwalski.
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Fomos deportados juntos
para a Sibéria.
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E quando se vai para um campo
de trabalho lá,
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viaja-se em comboios para gado.
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São dias a atravessar-se
estepes geladas
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sem se ver viv'alma.
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Apertamo-nos para ter calor,
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mas para mijarmos, para cagar,
isso no vagão não é possível.
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E as únicas vezes que paramos
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é para meter água na locomotiva.
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Mas o Grunwalski
era envergonhado;
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ficava aflito até quando
tomávamos banho juntos.
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Gozava-o muito por isso.
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Portanto, o comboio pára,
todos saltamos para ir cagar,