La Haine
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:50:01
que se o Abdel morre me vingo,
matando um chui!

:50:07
Para que fiquem sabendo que
não damos mais a outra face.

:50:11
Lindo discurso, tipo meio-Moisés
meio-Bernard Tapie...

:50:16
Agora a sério, não te metas, é
muita areia para a tua camioneta.

:50:19
Se o Abdel morre, perdemos
um amigo; sim ou não?

:50:23
E se morre um chui, é um a menos;
sim ou não?

:50:26
Mas tu estás sozinho,
não os podes arrumar a todos.

:50:29
Alguém te nomeou pregador?
:50:32
Agora sabes o que está
certo ou errado?

:50:35
Por que te pões ao lado
daquelas bestas?

:50:38
De que besta falas?
:50:40
Na escola aprende-se que ódio
gera mais ódio.

:50:44
Mas eu não andei na escola,
ando é nas ruas!

:50:47
E sabes o que me ensinaram?
:50:49
Que se dás a outra face
és um cabrão morto!

:50:53
Tu ouves-te? Apontaste uma arma
a um chui, podíamos estar mortos!

:50:58
Não há como uma boa cagadela.
:51:02
Crêem em Deus? A pergunta
deve ser é ao contrário;

:51:06
será que crê Deus em nós?
:51:08
Tive um amigo que se chamava
Grunwalski.

:51:11
Fomos deportados juntos
para a Sibéria.

:51:15
E quando se vai para um campo
de trabalho lá,

:51:18
viaja-se em comboios para gado.
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São dias a atravessar-se
estepes geladas

:51:25
sem se ver viv'alma.
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Apertamo-nos para ter calor,
:51:31
mas para mijarmos, para cagar,
isso no vagão não é possível.

:51:37
E as únicas vezes que paramos
:51:40
é para meter água na locomotiva.
:51:44
Mas o Grunwalski
era envergonhado;

:51:47
ficava aflito até quando
tomávamos banho juntos.

:51:51
Gozava-o muito por isso.
:51:55
Portanto, o comboio pára,
todos saltamos para ir cagar,


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