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O céu que me defenda!
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Adeus! Tomai meu cargo.
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Ser franco e honesto não é seguro.
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Agradeço-vos pela lição. De agora
em diante, nenhum amigo amarei...
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...já que o amor gera tais ofensas!
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Não, fica!
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-Tu deves ser honesto.
-Eu devo ser sábio...
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...pois a honestidade é tola
e perde aquilo para que trabalha.
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Pela humanidade, eu acho
que minha esposa é honesta...
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...e acho que não é.
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Acho que tu és justo e que não és.
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Quero alguma prova.
Quem dera eu pudesse tê-la.
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Vejo, senhor,
que a paixão vos consome.
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Arrependo-me de tê-la
despertado em vós.
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-Quereis ter provas?
-Se quero? Não, eu as terei.
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Podeis tê-las. Mas como? Que provas?
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Quereis ver tudo com vossos olhos?
Contemplá-la sendo montada?
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Ó morte e danação!
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Seria tedioso e difícil
levá-los a fazer isso.
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Malditos sejam, então!
O que devo dizer?
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Onde estão as provas?
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Vós não as enxergaríeis...
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...ainda que agissem
qual cabras ou macacos no cio...
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Todavia, eu digo, se imputações
e fortes circunstâncias...
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...que vos levem diretamente à porta
da verdade vos satisfizerem...
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...podereis obtê-las.
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Dá-me um só motivo para sua infidelidade.
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Não gosto desse ofício...
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...mas, já que entrei nesta causa...
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...tangido até agora pela tola
honestidade e pelo amor, continuarei.
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Deitei-me com Cassio...
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...e, sofrendo de uma forte dor
de dente, não consegui dormir.
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Há um tipo de homem
cuja alma é tão aberta...
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...que, quando dorme,
murmura seus segredos.
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Desse jaez é Cassio.
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No sono, ouvi que dizia:
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''Doce Desdemona, tomemos cuidado,
ocultemos nossos amores.''
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E então, senhor, ele tomou
e apertou a minha mão...
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...gritando: ''Doce criatura!''
E me beijou com força...
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...como se arrancasse beijos das
raízes que crescem nos meus lábios.