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Acredita, eu preferiria perder
uma bolsa cheia de cruzados.
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Se meu nobre mouro não
tivesse a mente clara...
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...e não fosse livre da baixeza
das criaturas ciumentas...
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...isso bastaria para
trazer-lhe maus pensamentos.
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-Ele não é ciumento?
-Quem, ele?
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Como estais, meu senhor?
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Bem.
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-E como estais vós, minha dama?
-Bem, meu bom senhor.
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Aquele lenço foi dado
à minha mãe por uma egípcia.
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Ela era feiticeira, e quase
conseguia ler pensamentos.
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Disse que, enquanto minha mãe
o guardasse, seria amada...
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...e meu pai seria totalmente
submisso ao seu amor.
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Mas, se ela o perdesse
ou o desse a outro...
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...tornar-se-ia odiosa
aos olhos do meu pai...
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...e o espírito dele sairia
à caça de novas paixões.
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Ao morrer...
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...ela mo deu...
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...e pediu que, quando os
fados me quisessem casado...
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...eu o desse à esposa.
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Fiz isso...
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...e vós, cuidai bem dele...
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...fazei dele a menina
de vossos lindos olhos.
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Perdê-lo ou dá-lo...
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...trariam uma danação incomparável.
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Será possível?
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É verdade.
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Há magia em sua trama.
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Então, preferiria jamais tê-lo visto!
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Por quê?
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Por que falais tão
alto e bruscamente?
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Está perdido? Foi-se?
Está jogado por aí?
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Que o céu nos abençoe!
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-Dizer-mo-eis?
-Não está perdido.
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-Mas... e se estivesse?
-Como?
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Já disse, não está perdido!
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Trazei-o. Deixai-me vê-lo.
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Posso fazer isso, senhor,
mas não o farei agora.
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É um truque vosso para
me distrair de meu apelo.
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Eu vos imploro,
recebei Cassio novamente.
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Trazei-me o lenço.
Minha mente desconfia.
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Jamais encontrareis
alguém de maior valor.