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Todos se sentiam tão bem que não
nos apercebemos do que ia acontecer.
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Talvez nos devêssemos ter apercebido.
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A ironia é que a maioria das lojas
destruídas durante os motins
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pertenciam a negros.
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É uma estupidez.
Porquê destruir o próprio bairro?
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É o que eu acho.
É um acto irracional.
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É uma atitude de raiva
de gente que se sente negligenciada
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e desprezada pelo sistema.
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Exacto. Como aconteceu em Watts
ou nos motins de Chicago em '68.
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Eu não acredito nisso.
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Chamar a um motim uma atitude
de raiva é fugir às responsabilidades.
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É o pior dos oportunismos.
É uma data de gente
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a agarrar uma desculpa qualquer
para pilhar uma loja.
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E o facto de pilharem lojas
nas suas próprias comunidades
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reflecte o grau de desrespeito
que essa gente tem pela lei.
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E nenhum conceito de comunidade
ou responsabilidade cívica.
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Brancos também cometem
crimes contra brancos.
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Mas não se matam em barda
por essa América fora.
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Veja as estatísticas.
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Um em cada três negros estão
numa fase do sistema correccional.
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É coincidência ou essa gente tem
um compromisso racial com o crime?
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Mais ainda. Orgulham-se disso.
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Talvez isso diga algo sobre
o preconceito no sistema judicial.
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Se queres falar
de estatísticas criminais,
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analisa as desigualdades sociais
que as produzem.
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Blá, blá. . .
Sabes, é isso que eu detesto.
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O que tu estás a fazer é pegar
numa coisa e dar-lhe outro nome,
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minorando a responsabilidade
das acções dessa gente.
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É como dizer: "Não é um motim, é raiva.
Não é crime, é pobreza".
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Isso é conversa fiada. Foi isso
mesmo que aconteceu no julgamento.
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A imprensa distorceu as coisas
para fixar as atenções nos polícias,
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na condenação deles, na violação
dos direitos civis de Rodney King.
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Do carácter de Rodney King
não se falou mais.
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Ele próprio admitiu os delitos
que cometeu.
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Ele conduzia bêbedo a alta velocidade
na auto-estrada.
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É detido por polícias e ataca-os.
:40:57
Ele atacou quatro polícias.
E saiu em liberdade.