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- Bill?
- Sim, eu tenho...
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Eu não queria fazer mal
a ninguém.
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Talvez se eu pintasse
outras coisas...
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Ou se usasse menos cores...
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Ou algumas cores específicas...
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Talvez eu pudesse... O senhor
pudesse escolher as cores
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e assim já não incomodariam
ninguém.
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- Tenho algo a dizer.
- Muito bem.
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O senhor não tem o direito
de fazer isto.
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Quero dizer...
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Eu sei que quer manter as coisas
agradáveis por aqui,
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mas há tantas coisas
que são muito melhores.
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Como, por exemplo,
coisas disparatadas,
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ou sensuais,
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ou perigosas,
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ou efémeras.
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E cada uma dessas coisas
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está dentro de nós
o tempo todo.
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Só é preciso ter coragem
para as procurar.
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- Já chega.
- Julgava que me podia defender.
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- Mas não podes mentir.
- Eu não estou a mentir.
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Está a ver aquelas pessoas
lá em cima?
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Não são diferentes de si.
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Apenas viram algo
que existia dentro delas...
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- Eu disse que já chega!
- Eu mostro-lhe. Paizinho?
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- Sim, Bud?
- Está tudo bem, pai.
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Escute-me só um instante.
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Sei que sente a falta dela.
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Disse-me que sentia.
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Mas talvez não seja só dos cozinhados
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ou das limpezas que sente falta.
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Talvez seja outra coisa.
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Talvez o pai nem seja capaz
de a descrever.
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Talvez só se tenha apercebido
disso depois de a ter perdido.
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Talvez seja como se uma parte de si
também tivesse desaparecido.