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	meu amor, meu senhor,
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	meu marido, meu amigo?
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	Preciso saber de vós todos os dias e horas,
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	pois há tantos dias num minuto.
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	Por estas contas, serei bem velha...
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	quando voltar a ver o meu Romeu.
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	Adeus.
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	Pensais que tornaremos a ver-nos um dia?
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	Agora, que estais tão lá em baixo,
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	pareceis-me um cadáver
no fundo de uma tumba.
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	Ou meus olhos me enganam,
ou estais bem pálido.
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	Também vós, meu amor,
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	a meus olhos o estais.
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	O desgosto bebe-nos o sangue.
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	Adeus.
1:37:53
	Adeus.
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	Toma este frasco e, uma vez na cama,
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	bebei todo o licor destilado que contém.
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	Nem calor nem respiração
hão-de atestar que viveis.
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	E neste estado de morte aparente,
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	permanecereis
durante quarenta e duas horas,
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	despertando depois
como de um agradável sono.
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	Vinde aqui! Boticário!
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	Vinde aqui, homem. Vejo que sois pobre.
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	Tomai, aqui tendes 40 ducados.
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	-Dai-me uma dose de veneno...
-Tenho tais venenos mortais,
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	mas a lei de Mantua é a pena de morte
para quem os vender.
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	-Sois assim tão...
-A pobreza, e não a vontade, o consente.
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	Pago a vossa pobreza, não a vontade.
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	Fitai-a pela última vez, olhos meus.
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	Abraçai-a pela última vez, braços meus.
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	E vós, lábios,
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	vós que sois a porta da respiração,