1:38:01
	Nem calor nem respiração
hão-de atestar que viveis.
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	E neste estado de morte aparente,
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	permanecereis
durante quarenta e duas horas,
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	despertando depois
como de um agradável sono.
1:38:15
	Vinde aqui! Boticário!
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	Vinde aqui, homem. Vejo que sois pobre.
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	Tomai, aqui tendes 40 ducados.
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	-Dai-me uma dose de veneno...
-Tenho tais venenos mortais,
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	mas a lei de Mantua é a pena de morte
para quem os vender.
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	-Sois assim tão...
-A pobreza, e não a vontade, o consente.
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	Pago a vossa pobreza, não a vontade.
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	Fitai-a pela última vez, olhos meus.
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	Abraçai-a pela última vez, braços meus.
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	E vós, lábios,
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	vós que sois a porta da respiração,
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	selai com um legitimo beijo,
1:39:05
	o pacto eterno,
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	com a morte voraz.
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	Vinde, amarga sorte.
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	Vinde, fatal guia.
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	Vinde agora, piloto sem esperança,
1:39:20
	e atirai contra os rochedos
o meu fatigado batel.
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	Por vós, minha amada!
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	Fiel boticário!
1:39:42
	Vosso veneno é rápido.
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	E assim, com um beijo,
1:39:53
	morro.