Magnolia
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1:10:00
Seu grandessíssimo estupor,
patife duma figa.

1:10:04
Mas quem é...?
Quem pensa você que é?

1:10:06
Eu entro aqui, você não me conhece,
nem à minha vida,

1:10:10
e tem a lata, a indecência
de me fazer perguntas pessoais?

1:10:14
- Acalme-se, minha senhora.
- Foda-se! Não me trate assim!

1:10:17
Eu entro aqui
e entrego-lhe as receitas!

1:10:19
Você investiga, faz telefonemas,
desconfia, pergunta-me coisas!

1:10:23
Estou doente e cercada de doença
e você pergunta-me a minha vida!

1:10:28
O que se passa? Já viu a morte
na sua cama, na sua casa?

1:10:33
Que é da sua decência?
1:10:35
E ainda me vem com perguntas
cretinas, "Qual é o problema?"

1:10:40
Um broche!
Esse é que é o problema!

1:10:43
E ainda me chama "minha senhora"!
Não tem vergonha?

1:10:48
Não têm um pingo de vergonha.
Os dois!

1:10:54
Porque não têm eles
o mesmo apelido?

1:10:56
É que não têm o mesmo apelido.
1:10:58
Eu sei e não consigo explicar
o facto,

1:11:01
mas quer-me parecer que existe
algum problema entre eles,

1:11:06
do estilo de não se conhecerem
lá muito bem.

1:11:09
Como se já não falassem
muito um com o outro.

1:11:12
Isto parece-lhe estranho?
1:11:15
Só não sei porque me está
a ligar a mim.

1:11:18
Não encontrei o número do Frank
nos papéis do Earl

1:11:21
e ele já não atina muito.
1:11:24
Quero dizer, ele está a morrer.
Está com um cancro terminal.

1:11:29
- Que tipo de cancro?
- No cérebro e nos pulmões.

1:11:33
A minha mãe
teve cancro da mama.

1:11:35
- Sinto muito. Ela está bem?
<- Agora já está boa. >

1:11:38
- Ainda bem.
<- Mas pregou-nos um susto. >

1:11:40
- É uma doença infernal.
<- Lá isso é. >

1:11:43
Desculpe, mas afinal
porque é que me ligou?

1:11:48
Sei que isto parece uma parvoíce,
que me vai achar ridículo,

1:11:52
que isto é
como aquela cena nos filmes

1:11:54
em que um tipo tenta encontrar
o filho há muito desaparecido,

1:11:57
mas é precisamente isso.
Sem tirar nem pôr.


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