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Chamar-nos-emos "Irakere".
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Uma palavra africana que significa "selva".
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Tocávamos jazz...
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... mas emprestando-lhe o nosso próprio estilo.
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Um momento, desculpe.
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Eles não vos impediram.
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E esta banda foi um êxito.
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Sim.
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A nossa camuflagem resultou.
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Fizeram diversas tounées.
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Gravaram um disco para a CBS.
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Chegaram a ganhar um Grammy.
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Parece que o governo não se importou
com o que estavam a tocar.
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Decidiram não reparar
porque lhes fazíamos ganhar muito dinheiro.
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Imagino que também tenha feito
muito dinheiro para si.
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Não é assim que funciona.
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Os clubes pagam, directamente,
ao Ministério da Cultura.
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Nós apenas ganhávamos para comer.
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Sabe que pode ganhar muito mais
se não estiver em Cuba.
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Não me interessa o dinheiro.
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O que me interessa é a música.
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Deixaram-no tocar
a música que queria.
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Jazz americano e Gershwin e Ellington...
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Corre-se sempre um risco porque,
em Cuba, nunca se sabe até onde se pode ir.
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Pode acontecer que se toque Gershwin
demasiadas vezes.
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Não poder tocar Gershwin
não constitui perseguição.
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Só o é se eles decidirem que
é anti-revolucionário e nos prendem.
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Em Cuba vive-se com esse receio
todos os dias.
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Podem vir ter connosco,
à nossa casa, à nossa família...
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... e magoar alguém por causa duma cantiga.
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Apenas por uma cantiga.
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E isso é perseguição.