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Porque é fácil apontar
a minha cara na televisão,
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porque, afinal, eu sou
uma personificação do medo.
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Porque represento aquilo de que todos têm medo,
porque eu faço e digo o que quero.
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Marilyn Manson pode entrar na nossa cidade
e promover o ódio, a violência,
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o suicídio, a morte, a droga
e comportamentos como os de Columbine?
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Não! Sem oposição,
não podes!
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Os dois sub-produtos
desta tragédia foram...
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a violência nos espectáculos
e o controle de armas.
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E calha bem que sejam esses dois temas a estar
em ribalta com as eleições presidenciais já próximas
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De um só golpe, esquece-se
o caso Monica Lewinsky
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e que o presidente está a bombardear
outros paises além-mar.
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Mas eu sou o mauzão,
porque canto canções de sexo e de rock'n roll.
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Quem terá mais influência?
O presidente ou Marilyn Manson?
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Eu preferia que fosse eu,
mas é o presidente.
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Tu sabias que no dia em que aconteceu
aquilo em Columbine, os EUA
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lançaram mais bombas sobre o Kosovo
do que em qualquer outro dia dessa guerra?
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Eu sabia e acho
verdadeiramente irónico
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que ninguém diga: "Talvez o presidente
tenha tido influência nestes actos de violência"
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Mas os media não querem apresentar isso dessa
forma, transformando isso em "medo".
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Porque estás a ver televisão, vês as notícias
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vem uma bombada de medo:
As cheias, a sida, o assassinato.
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Pausa publicitária:
"Compra um Acura, compra Colgate."
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"Se tens mau hálito, ninguém te fala."
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"Se tens borbulhas, as miúdas não fodem contigo."
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É uma campanha de medo e de
consumo.
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É por isso que eu penso que
tudo se baseia na ideia de...
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manter toda a gente assustada
para que consumam.
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Acho que é a maneira mais
simples de explicar isto.
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Se pudesses falar directamente
com os miúdos de Columbine, e com
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as pessoas da comunidade o que é
que lhes dirias?
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Não lhes diria uma única palavra. Ia antes
ouvir o que eles têm para dizer.
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E é isso que ainda ninguém fez.