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Eu não li Moby Dick
e gostei do teu livro.
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Mas penso que idealizaste
aquela noite.
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Oficialmente é ficcão.
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- É suposto eu...
- Eu sei,
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mas achei que houve alturas
que me fizeste...
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Quero dizer, ela. Não eu.
Tanto faz.
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...um pouco neurótica.
- Mas tu és...
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- Achas que sou neurótica?
- Não, estou a brincar.
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Onde é que eu fiz isso?
Não fiz.
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Talvez seja eu a ver isso.
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Ler uma coisa, sabendo que a
personagem da história é baseada em ti,
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é simultaneamente lisonjeiro
e perturbador.
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Perturbador como?
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Não sei. Ser parte da recordação
de outra pessoa,
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ver-me através dos teus olhos...
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Quanto tempo levaste a escrevê-lo?
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Três ou quatro anos,
com interrupções.
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É muito tempo para escrever
sobre uma noite.
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Eu sei. A quem o dizes.
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Eu assumi sempre que
me tinhas esquecido.
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Não. Tinha uma visão muito clara
de ti na minha memória.
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Tenho de te dizer uma coisa.
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- Quis falar contigo tanto tempo...
- Eu também.
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Sinto que tudo que digo deve ser...
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Quanto tempo temos?
Vinte minutos e trinta segundos?
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Temos mais que isso.
Quero saber de ti.
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Que fazes?
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Por onde começar? Trabalho para a Cruz
Verde. É uma organização ambiental.
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Qual a finalidade dela?
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Trabalhamos em diferentes
sectores ambientais,
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da água potável ao desarmamento
de armas químicas.
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Leis internacionais ligadas
ao ambiente.
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E o que fazes?
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Diversas coisas.
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No ano passado, estive
na Índia
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a trabalhar numa estacão
de tratamento de águas.
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A indústria do algodão é
uma grande fonte de poluição.
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Parece que estás a fazer
algo importante.
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A maioria, incluindo eu,
tudo que faz é queixar-se.
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A América destrói os recursos naturais
do mundo. Os carros são nocivos,
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o aquecimento global é real.
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Alivia-me saber que não és um desses
americanos que odeia a França.