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Pequenas coisas.
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Acho que é o mesmo com as pessoas.
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Vejo nelas pequenos pormenores,
tão únicos em cada uma delas
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que me tocam e de que tenho
e terei sempre saudades.
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Nunca podes substituir ninguém
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porque toda a gente é feita
de pormenores belos e únicos.
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Recordo-me como a tua barba
era um pouco ruiva
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e como o sol a fazia brilhar,
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naquela manhã, antes de partires.
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Recordava isso e tinha saudades.
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Uma maluqueira, não é?
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Agora tenho a certeza. Queres saber
porque escrevi aquele estúpido livro?
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Porquê?
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Para que viesses a uma sessão
de leitura em Paris
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e eu fosse ter contigo e perguntar-te:
"Onde raio estiveste?"
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Pensaste que eu estaria aqui, hoje?
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A sério... Penso que o escrevi
para tentar encontrar-te.
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Eu sei que não é verdade,
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- mas és um amor dizendo-o.
- Eu penso que é verdade.
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Que hipóteses achas que teríamos
de nos reencontrarmos?
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Depois daquele Dezembro,
eu diria quase nenhumas.
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Mas nós não somos reais,
pois não?
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Somos personagens do sonho
daquela velhinha
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no seu leito de morte,
fantasiando a sua juventude.
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Claro que tínhamos de nos reencontrar.
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Meu Deus, porque não estiveste
em Viena?
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- Já te disse porquê.
- Eu sei porquê, só que...
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Oxalá tivesses estado.
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As nossas vidas podiam ter sido
tão diferentes.
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Achas?
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Acho, sim.
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Talvez não, talvez
nos tivéssemos odiado.
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Como nos odiamos agora?
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Talvez só nos entendamos
em encontros breves,
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passeando em cidades europeias.
Em climas quentes.
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Porque não trocámos números
de telefone?
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Porque não fizemos isso?
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Porque éramos jovens e estúpidos.