:47:00
- mas és um amor dizendo-o.
- Eu penso que é verdade.
:47:03
Que hipóteses achas que teríamos
de nos reencontrarmos?
:47:06
Depois daquele Dezembro,
eu diria quase nenhumas.
:47:09
Mas nós não somos reais,
pois não?
:47:12
Somos personagens do sonho
daquela velhinha
:47:15
no seu leito de morte,
fantasiando a sua juventude.
:47:17
Claro que tínhamos de nos reencontrar.
:47:19
Meu Deus, porque não estiveste
em Viena?
:47:24
- Já te disse porquê.
- Eu sei porquê, só que...
:47:28
Oxalá tivesses estado.
:47:30
As nossas vidas podiam ter sido
tão diferentes.
:47:33
Achas?
:47:35
Acho, sim.
:47:37
Talvez não, talvez
nos tivéssemos odiado.
:47:40
Como nos odiamos agora?
:47:44
Talvez só nos entendamos
em encontros breves,
:47:48
passeando em cidades europeias.
Em climas quentes.
:47:53
Porque não trocámos números
de telefone?
:47:56
Porque não fizemos isso?
:47:58
Porque éramos jovens e estúpidos.
:48:00
Achas que ainda somos?
:48:03
Creio que quando és jovem acreditas
:48:05
que haverá muita gente
a quem te ligarás.
:48:08
E mais tarde compreendes que
poucas vezes isso acontece.
:48:11
E podes estragar tudo.
Perder a oportunidade.
:48:14
O passado é o passado.
Estava destinado ser assim.
:48:17
Acreditas nisso?
Que tudo está destinado?
:48:20
O mundo pode ser menos livre
do que nós pensamos.
:48:26
Quando dadas estas circunstâncias,
é o que acontecerá sempre.
:48:29
Duas partes de hidrogénio, uma parte
de oxigénio, terás sempre água.
:48:33
E se a tua avó tivesse vivido
mais uma semana?
:48:36
Ou falecido uma semana antes,
dias até?
:48:39
Podia ter sido diferente.
Eu acredito nisso.
:48:40
Não podes pensar assim.
:48:42
Eu sei que não deves
em muitos casos, mas...
:48:45
Só que, neste caso, parecia
que algo não estava certo.
:48:50
Nos meses anteriores
ao meu casamento,
:48:52
eu estava sempre a pensar em ti.
:48:54
A caminho da cerimónia,
no carro de um amigo,
:48:58
olho pela janela e julgo ver-te,