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Achas que ainda somos?
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Creio que quando és jovem acreditas
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que haverá muita gente
a quem te ligarás.
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E mais tarde compreendes que
poucas vezes isso acontece.
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E podes estragar tudo.
Perder a oportunidade.
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O passado é o passado.
Estava destinado ser assim.
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Acreditas nisso?
Que tudo está destinado?
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O mundo pode ser menos livre
do que nós pensamos.
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Quando dadas estas circunstâncias,
é o que acontecerá sempre.
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Duas partes de hidrogénio, uma parte
de oxigénio, terás sempre água.
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E se a tua avó tivesse vivido
mais uma semana?
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Ou falecido uma semana antes,
dias até?
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Podia ter sido diferente.
Eu acredito nisso.
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Não podes pensar assim.
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Eu sei que não deves
em muitos casos, mas...
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Só que, neste caso, parecia
que algo não estava certo.
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Nos meses anteriores
ao meu casamento,
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eu estava sempre a pensar em ti.
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A caminho da cerimónia,
no carro de um amigo,
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olho pela janela e julgo ver-te,
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não longe da igreja,
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fechando um chapéu de chuva
e entrando numa pastelaria
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na esquina da Rua 3 com a Broadway.
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Pensei que estava a ficar louco.
Agora penso que provavelmente eras tu.
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Eu morava na Rua.
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Vês?
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Então, como é ser casado?
Não falaste muito sobre isso.
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Não falei? Que estranho.
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Não sei. Conhecemo-nos
quando eu estava na faculdade.
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Zangámo-nos, voltámos a andar,
uns anos e depois...
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Voltámos a andar, ela ficou grávida,
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e casámos.
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Como é ela?
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É uma excelente professora,
uma boa mãe,
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é inteligente, bonita.
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Recordo-me de pensar, na altura,
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que muitos dos homens
que eu mais admirava
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tinham dedicado as vidas a algo
mais importante do que eles.