:23:01
É meu tio.
É irmão da minha mãe.
:23:04
Pensávamos que era o homem
mais maravilhoso do mundo,
:23:08
o mais maravilhoso e o melhor.
- Charlie, o que sabes?
:23:19
Peço desculpa por ter demorado
tanto. Estamos cheios de trabalho.
:23:23
De quem é? É lindo!
:23:28
Era capaz de morrer
por um anel destes.
:23:31
Sim, por um anel como este,
era capaz de morrer.
:23:35
Adoro jóias, jóias verdadeiras.
:23:38
Reparou que nem sequer tive
de perguntar se era verdadeiro?
:23:41
- Vê-se logo. Vê-se.
- Traz-me outro brandy.
:23:47
Senta-te!
:23:49
Senta-te!
:23:54
Pensas que sabes
alguma coisa, não é?
:23:57
Achas-te uma miúda esperta
que sabe uma coisa.
:24:01
Há tanta coisa que tu não sabes.
Tanta.
:24:04
O que é que tu sabes?
:24:06
Não passas de uma rapariga vulgar
que vive numa cidadezinha vulgar.
:24:09
Acordas todas as manhãs
da tua vida
:24:11
e sabes perfeitamente que não há
nada no mundo que te perturbe.
:24:14
Vives os teus diazinhos vulgares
e, à noite,
:24:17
tens um sono tranquilo e vulgar,
:24:19
cheios de estúpidos sonhos de paz.
:24:23
E eu trouxe-te pesadelos.
:24:27
Ou não? Terá sido uma pequena
mentira inexperiente e parva?
:24:31
Tu vives num sonho.
És uma sonâmbula, uma cega.
:24:33
Que sabes tu sobre
o mundo?
:24:36
Sabes que o mundo
é um chiqueiro?
:24:39
Sabes que, se rasparmos as frentes
da casa, só encontramos sujidade?
:24:43
O mundo é um inferno!
Que importa o que acontece nele?
:24:45
Acorda, Charlie! Usa a tua
inteligência. Aprende alguma coisa!
:24:49
Já te vais embora, Charlie?