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Quero fingir que esta horrível
situação nunca aconteceu.
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- Não há nada para fingir.
- Aqui estão as luvas da mãe.
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A mãe e as luvas...
Está sempre a perder coisas.
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Todas as mães perdem coisas.
Um dia, vai perder-te a ti.
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As mães não perdem filhas.
Não sabes? Ganham filhos.
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É verdade, mas ganhar não
é a palavra. Eu, por exemplo.
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Quem é que quereria
um detective para genro?
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- O meu pai.
- Achas?
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Então se fores ter com ele
e disseres:
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''Pai, vou casar com um detective'',
ele não te deserda?
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Não teria de ser eu.
Também há a Ann...
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A Ann quer casar com
um bibliotecário, ela disse-me.
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Assim, terá sempre
muitos livros à volta dela.
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O que se passa?
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Estava a rir-me.
Há muito tempo que não me ria.
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Gosto de ver-te rir.
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Também gosto quando não ris,
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acho que gosto de tudo
o que fazes.
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Acho que gosto de ti.
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Fico contente.
Também gosto de ti.
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É curioso como se conhece alguém
e se gosta dessa pessoa e...
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- Charlie?
- Sim?
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Achas que pode mesmo acontecer
um dia que digas ao teu pai
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que vais casar com uma pessoa,
com um detective?
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- Não sei.
- Eu não queria dizer-te.
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Queria esperar até teres esquecido
isto tudo por que passámos,
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até deixares de pensar em mim
como parte de algo assustador.
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Eu queria esperar,
voltar e depois dizer-te,
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mas não consegui evitar.
Quero dizer-te agora.
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Eu amo-te, Charlie.
Amo-te muito.
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Sei que não é altura para te dizer isto
e peço desculpa.
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- Importas-te?
- Não me importo.
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Achas que podes pensar nisso?
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- Sobre gostares de mim?
- E talvez tu gostares de mim.
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Quero que sejamos amigos.
Isso eu sei.
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Somos amigos.
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- Gostaria de pensar nisso.
- Nada mais?
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Não sei, Jack, ainda não sei.
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Está bem. Mas posso voltar?