Dogville
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A Grace observou as groselhas,
tão frágeis na suave escuridão.

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Era bom saber que
se não forem maltratadas,

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estarão ali, quando chegar
a Primavera, como sempre,

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e quando chegar o Verão
estarão quase a rebentar

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com uma enorme quantidade
incompreensível de groselhas

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que eram tão boas
para os bolos,

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sobretudo com canela.
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A Grace observou à volta as caras
aterrorizadas por detrás dos vidros

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que a seguiam a cada passo, e sentiu-se
envergonhada por fazer parte desse medo.

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Como poderia odiá-los pelo que era,
no fundo, simplesmente a sua fraqueza?

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Provavelmente faria coisas como
aquelas que lhe fizeram a ela

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se vivesse numa destas casas,
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para medi-los com a sua própria
vara, como dizia o seu pai.

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Não teria feito, com toda a honestidade,
o mesmo que o Chuck,

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a Vera, o Ben, a Sr.ª Henson, o Tom
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e todas estas pessoas nas suas casas?
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A Grace fez uma pausa.
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E enquanto o fazia, as nuvens dispersaram-se
e deixaram aparecer a luz da lua.

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E Dogville expôs-se a outra
pequena mudança de luz.

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Era como se a luz,
antes tão tímida e piedosa,

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finalmente se recusava a cobrir
o povoado por mais tempo.

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De repente, já não podia imaginar uma
baga que aparecesse algum dia na groselha,

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mas só via o espinho que
estava ali agora mesmo.

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A luz mostrava todas as desigualdades
e os defeito das casas... e... das pessoas.


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