:03:02
do que me fazia chorar
e do que eu queria ver
:03:05
em determinadas cenas
que o Thackeray tinha escrito.
:03:08
Mas também estava muito interessada
em evocar a sociedade da época,
:03:12
em evocar a pobreza,
a classe operária,
:03:16
a Londres do início do século XIX,
que era suja e malcheirosa.
:03:21
Para que pudéssemos compreender
o meio a que ela pertencia
:03:24
e a sua ascensão à alta-sociedade.
:03:27
Um passo em falso da parte dela
:03:29
e voltaria à sarjeta
de onde tinha vindo.
:03:31
Mas, para mim,
era igualmente importante
:03:35
manter uma espécie de sentido
da realidade,
:03:38
pôr lama nas saias,
sentir a sujidade,
:03:41
sentir a chuva na roupa.
:03:43
O escritório da Mira Nair
é extraordinário.
:03:46
As paredes estão pintadas
com cores fabulosas.
:03:51
Ela usa cores constantemente.
:03:53
Vive a vida assim, com cores.
:03:56
E foi claramente essencial
:04:00
para trazer essa vivacidade,
:04:02
esse bom gosto e estilo
para o filme.
:04:06
Em colaboração com a Beatrix Pasztor,
responsável pelo guarda-roupa.
:04:10
Por isso, acontece muitas vezes
no filme, nos filmes normais de época,
:04:15
vemos as pessoas vestidas de cinzento
escuro ou culotes pretos.
:04:20
A Mira e a Beatrix utilizaram-no
em calcas de veludo.
:04:26
E fica extraordinário. É essa a
vivacidade que a Mira dá ao filme.
:04:30
E é isso que dá ao filme, em grande
parte, a sua pompa visual.
:04:34
A intenção era essa,
ter uma essência muito moderna,
:04:39
mas ser fiel ao período,
modificá-lo com gosto,
:04:43
porque a Becky Sharp modifica-o.
:04:45
Ela era uma pioneira na moda.
Era única no seu estilo.
:04:48
Tornava-se sexy a ela própria,
:04:52
com cordões, ou peles,
ou um pedaço de tecido coçado,
:04:56
em vez de utilizar um diamante.
:04:58
Sempre achei interessante, nos filmes
sobre personagens femininas,